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Quando o Som Paga a Conta: A Ciência de Fazer Clientes Gastarem Mais (E Ficarem Mais Tempo)

Você já percebeu que alguns restaurantes parecem ter um truque pra fazer você ficar horas e, sem nem perceber, gastar uma fortuna no bar, restaurante e etc.? Pois é, a música ambiente pode ser a mágica por trás desse fenômeno – e a ciência está aí para provar isso, com a precisão quase cirúrgica de um maestro.

O Poder da Música Lenta

Imagine que você entra num restaurante chique. A decoração tá impecável, o ambiente é tão aconchegante que até o tempo parece desacelerar e, de repente, aquela música suave começa a tocar. Segundo o estudo do Ronald E. Milliman, quando o ritmo é lento, os clientes demoram mais para terminar a refeição – 56 minutos em média, comparados aos 45 minutos de quando a música é rápida. Sim, 11 minutos a mais para esticar a sobremesa ou, melhor ainda, para pedir mais uma rodada no bar!

E não é só isso: a música lenta fez com que os clientes gastassem significativamente mais na área do bar – algo em torno de $30,47, enquanto na trilha rápida a conta chegava a $21,62. Ou seja, além de estender a experiência, a atmosfera “de boas” incentivou a maratona de bebidas. Se isso não é uma estratégia de vendas afiada, nada mais é.

Ambiente que Aproxima

Os estudos, baseados no modelo Mehrabian/Russell – que basicamente diz que a forma como nos sentimos em um ambiente determina se ficamos ou saímos correndo – mostram que a música ambiente é um dos ingredientes mais controláveis na receita do sucesso. Uma música bem escolhida pode transformar uma simples ida ao restaurante em uma experiência que faz com que você esqueça do relógio e, de quebra, gaste mais do que planejava.

Mas, calma: não pense que tudo é só sentar e ouvir. A escolha do ritmo é crucial. Enquanto a música lenta deixa você tão relaxado que nem percebe o tempo passar, a música rápida acelera a marcha – os clientes saem mais depressa. Claro que há estratégicas tanto para usar músicas rápidas e/ou músicas lentas, e tudo isso vai depender da intencionalidade do ambiente.

E Como isso se aplica na prática?

O estudo, que durou oito semanas e envolveu centenas de grupos de clientes (sim, os números não mentem e você pode ir direto na fonte através do link no final da página), mostrou que a música ambiente não afeta apenas o humor. Ela literalmente impacta a experiência de consumo: tempo de espera, duração da refeição e, claro, quanto se gasta no bar. É a prova de que o som tem um superpoder: transformar um ambiente comum em uma máquina de engolir tempo e dinheiro.

Se você acha que o som ambiente é só um “complemento bacana”, pense de novo. Ele é uma ferramenta poderosa, capaz de fazer com que os clientes se sintam tão confortáveis que esquecem do tempo e da conta no bar – ou, no caso de alguns, incentivando a pedir aquela dose extra. A ciência por trás disso é clara: uma boa música pode ser o diferencial entre um restaurante medíocre e uma experiência que vale cada centavo.

A intencionalidade que não querem que você saiba!

Imagine duas realidades: de um lado, o fast-food, onde o ambiente é criado para fazer com que você coma rapidinho e siga seu caminho; do outro, um restaurante chique, onde cada detalhe convida você a se acomodar, relaxar e aproveitar a experiência completa.

No fast-food, a estratégia é clara: com música rápida, o clima é de pressa. O som empurra você a fazer seu pedido, comer o quanto precisa (que, cá entre nós, é o suficiente para matar a fome) e sair logo, liberando a mesa para o próximo. Essa tática funciona como um “chute no traseiro” – você mal percebe o quanto devorou e já está fora da porta, sem tempo para indulgências extras. Afinal, num ambiente onde o ritmo é acelerado, a ideia é deixar a fome saciada sem grandes delongas.

Já no restaurante mais sofisticado, o jogo é outro. Aqui, a música lenta cria uma atmosfera aconchegante e acolhedora, quase como se o ambiente sussurrasse: “Fique mais um pouco, relaxe, desfrute cada momento.” O resultado? Você acaba se permitindo prolongar a refeição, aproveitando cada detalhe – e, claro, pedindo aquela bebida extra para acompanhar a experiência. A intenção é que o cliente se sinta tão confortável que a refeição se transforma em um ritual, e não em um simples ato de se alimentar. No final das contas, enquanto o fast-food prioriza a velocidade, o restaurante chique aposta na qualidade da experiência e, consequentemente, em um ticket médio mais alto.

Essa diferença estratégica é um excelente exemplo de como a estratégia sonora pode ser ajustada para atender objetivos de negócio distintos. Se a ideia é transformar o som em um aliado para acelerar o giro de mesas e maximizar a quantidade de clientes atendidos, a trilha rápida é a escolha certa. Mas se o foco é criar um ambiente que prolongue a estadia e eleve o valor consumido – principalmente no bar – nada melhor do que uma música suave e acolhedora que diz “aqui você merece aproveitar cada segundo”.

No fim das contas, é tudo uma questão de alinhamento entre a experiência desejada e a identidade sonora da marca. Seja na pressa do fast-food ou na elegância do restaurante chique, o som é um poderoso instrumento estratégico para moldar comportamentos e, claro, impactar os resultados financeiros. E aí, qual ritmo a sua marca dança?

🔗 Referência do estudo

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